ROTINA

Raio o dia, ela tomou banhou escovou os dentes, tudo rotina. Na sua boca um sorriso fagueiro, me dava até agonia. Seu ritmo acelerado dia e noite, noite e dia. O café sempre amargo, torradas tostadas eram a sua alegria. Na mesa não nos olhavamos, eu encarava o prato, prato bonito era aquele que admirava com fervor, pois coragem me faltava, para olhar em sua direção. Ela sabia, eu sei que ela sabe, talvez já saiba a muito tempo da minha hipocrisia. Ela me olha de esgueira à muito e ao meu toque escapava. 
Ela levanta-se, me olha de relance e então se vai. Queria sair daquele martilho diário que se transformou minha vida queria que a flecha em meu coração desaparecesse e a culpa se esvaísse. Ela sabia, tenho certeza ela sabe. Passei o dia a pensar enquanto revisava os documentos: Ela sabia, ela sabia.
De noite ela deitava ao meu lado, nem um beijo na face ela me pedia.

Raio o dia, ele se espreguiçava, boceja, se levantava e ai começava seu dia. Na sua boca não havia sorriso, havia apenas uma veia pulsante em sua testa, me dava até agonia. Calmo sempre calmo naquele marasmo dia  e noite, noite e dia. Na mesa nosso olhos não se miravam, as bocas retraídas, toalha da mesa bonita era aquela que eu encarava  para não fitar seu rosto. Ele sabia, eu sei que ele sabe,talvez já saiba a muito tempo da minha hipocrisia. Não me olha nos olhos, e seu toque não é mais igual. Queria que esse sofrimento acabasse  que a flecha em meu coração desaparecesse e a culpa se esvaísse.Passei o dia a pensar: Ele sabe, ele sabe.
De noite ele deitava ao meu lado, e nem um beijo na face me dava.

Eles não sabiam.

INGRID CARVALHO

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